Vida Versus Amor

sexta-feira, 30 de outubro de 2009 0 comentários
A vida explora - o amor é explorado ...
Por isso, são incompatíveis o amor e a vida ...
Eternos antagonistas - mortais inimigos ...
iver é lutar - amar é ser imolado.
A "luta pela existência" elimina impiedosamente o que fraco e conserva
o que é forte - para que evolver possa o mundo material.
O amor ampara o que é frágil, abraça o que é imperfeito, acolhe o serzinho enjeitado, agasalha o órfão anônimo, enxuga as lágrimas da viúva, pensa as chagas do leproso, oscula os farrapos do mendigo, volta as costas aos que forte e feliz e busca sempre o que é fraco e infeliz.
O amor é o avesso da vida.
O amor cede aos outros o seu "lugar ao sol" - e submerge nas sombras ele mesmo.
O amor é a mais poderosa afirmação do espírito.
É uma antecipação da vida eterna, onde será absoluto o domínio do espírito.
Quando terminar esta vida mortal, sucederá à atual desarmonia a mais perfeita harmonia entre o amor e a vida.
Não haverá mais explorador nem explorado.
Celebrarão oi amor e a vida um tratado de paz e cantarão a sinfonia da grande e imperturbável felicidade...
Vida eterna ...
Amor imortal ...

Vitor Hugo

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A música dos versos de Victor Hugo adapta-se às profundas harmonias da natureza da natureza: escultor, ele recorta nas suas estrofes a forma inesquecível das coisas; pintor, ilumina-as com a sua cor justa. E, como se viessem diretamente da natureza, as três impressões penetram simultaneamente no cérebro do leitor. Dessa tríplice impressão resulta a moral das coisas. Nenhum outro artista é mais universal, mais capaz de se pôr em contato com as forças da vida universal, mais disposto a tomar um banho de natureza. Ele não só exprime com a obscuridade indispensável o que é obscuro e confusamente revelelado.

Alfredo Bosi.Literatura Brasileira.Cultrix: São Paulo

Síndrome de Pilatos

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"Aquele que é infiel à sua própria consciência tem uma dívida impagável consigo mesmo."

A Síndrome de Pilatos tem varrido os séculos e contaminado alguns políticos. É muito mais fácil se esconder atrás de um discurso eloqüente do que assumir com honestidade seus atos e suas responsabilidades sociais. A síndrome de Pilatos se caracteriza pela omissão, dissimulação, negação do direito, da dor e da história do outro.

Cury, Augusto Jorge. Análise da Inteligência de Cristo. São Paulo: Academia de Inteligência., 1999.

José, por Drummond.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009 0 comentários


José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?



Carlos Drummond de Andrade

O Homem Inteligente, por Ernest Hemingway.

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"Um homem inteligente é por vezes forçado a embebedar-se ou a isolar-se, para conseguir aguentar os idiotas com que se vai cruzando todos os dia." 

Ernest Hemingway
Estados Unidos
[1899-1961]

O Bom Escritor

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O Bom Escritor
Todos os bons livros assemelham-se no facto de serem mais verdadeiros do que se tivessem acontecido realmente, e que, terminada a leitura de um deles, sentimos que tudo aquilo nos aconteceu mesmo, que agora nos pertencem o bem e o mal, o êxtase, o remorso e a mágoa, as pessoas e os lugares e o tempo que fez. Se conseguires dar essa sensação às pessoas, então és um bom escritor.

Ernest Hemingway, in 'Escrito de um Velho Jornalista (Esquire, 1934)'

O Caminho da Vida

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O Caminho da Vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.
A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.
Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)
Charles Chaplin